por. Gildo João Manuel
INTRODUÇÃO
Aquando a atribuição dos temas de pesquisa por parte da equipa organizadora deste evento entramos em crise e ficamos sem saber como seres ínfimo como nós podemos falar de uma temática muito delicada como esta se não somos nenhuns especialista nesta área.
Contudo algo nos confortava temos a formação básica em ética, então podemos avançar nesta aventura ético-científico, mas logo a posterior surge outra inquietação que enquadramento possível será feita de princípios éticos das empresas tendo em mente a sua visão e missão? A resposta desta questão virá certamente da discussão e reflexão inspirado na literatura e na realiadade do quotodiano.
A presente reflexão é subordinada ao tema: Análise dos princípios éticos nas empresas: visão e missão, o mesmo surge no âmbito das VIIIªs jornadas de Ética do Instituto Superior Maria Mãe de África.
Em torno deste tema foi levantado o seguinte problema: Verifica que algumas empresas no desenrolar das suas actividades desviam-se da sua missão e visão, este fenómeno constitui-se como desesrespeito dos princípios éticos das empresas.
Esta triste realidade empresarial verifica se em muitos cantos desta pérola do indico (Moçambique), pois cada jornal transmite ou relata factos degradantes das vítimas desta situação, e que muitas vez os benificiários dos serviços destas empresas não se dão conta disso devido à vários motivos, o desconhecimento da missão e visão da empresa.
Em certos casos as pessoas podem até ter o mínimo do conhecimento da missão e visão da empresa porém, pelo facto da empresa estar a desenvolver dentro da comunidade algumas acções de indóle social camaflados de responsabilidade social as comunidades não revindicam nada.
Para dar mais vasão a este problema o ensaio vai procurar dar resposta a seguinte pergunta de pesquisa que é a consequência do não respeitos pelos princípios éticos empresariais, a fuga da missão e visão empresarial:
Em que medida a perversidade em que algumas empresas se mergulham condiciona a sua produtividade?
Este ensaio tem como objectivo geral: Analisar os princípios éticos das empresas tem como base a sua missão e visão à luz da literatura.
E tem como obejectivos específicos:
- Identificar alguns princípios éticos genéricos que norteam as empresas;
- Mapear as consequências da fuga da missão e visão dentro de uma empresa, propondo sugestões para o combate a este mal empresarial.
Antes de avançar nesta análise urge a necessidade de esclaracer o quadro terminológico de alguns ternmos ou conceitos, pois isso irá facilitar a compreensão dos mesmos ao longo da discussão.
Na visão de Zoiboli (s.a), citado por Instituto Ethos (2001:5) advoga que “a empresa é compreendida como um motor para a renovação social e todas as organizações e os que nelas trabalham devem buscar aprender da ética empresarial o modo de actuação exigido a fim de que possam sobreviver, crescer e superar-se, evitando os defietos anteriroes e propondo valores adequados a esta reconstituição proposta.”
À luz desta abordagem pode-se afirmar que as empresas devem ser organizações aprendentes por execelência, porque isso permite a incorporação dentro das mesmas aspectos pontuais relacionados com as mobilidades movidas pelas demandas socio-económicas, polticas, éticas dentre outras.
Quando uma empresa desenvolve e divulga a sua missão, ela passa a ser uma comunidade que propõe a seus membros uma identidade, um sentido de pertença, valores a compartilhar, uma tarefa comum não distinto do bem de cada um dos seus integrantes (Instituto Ethos, 2001).
Neste trabalho quando for abordado o termo empresa deve-se entender como aglutinação de um grupo social constituido por pessoas livres organizadas, hierarquicamente e profissionalmente, cooperam de diversas formas como sujeitos de direitos com base em contratos e com a finalidade comum de produzir bens económicos para o intercâmbio económico.
Sendo que a empresa é essa comunidade de pessoas que tem a sua razão de ser e estar dentro de uma sociedade e que a mesma ambiciona ser e ter um certo estatuto dentro do ambiente onde se encontra inserida é na base disso que afirma-se que a missão é a razão, o motivo, o porquê desta dentro da sociedade de tempo.
Para Andrade (2002) a visão de uma empresa/organização dever ser a situação futura desejada a longo prazo, dever ser uma meta ambiciosa, e servir como um guia para a definição dos objectivos e a realização da missão.
Os valores são o conjunto de princípios, crenças e questões éticas que sustentam a filosofia empresarial e na qual a mesma usa como base para a tomada de decisões. São elementos de motivação que direccionam as acções das pessoas na organização, contribuindo para a unidade e a coerência do trabalho.
A missão, visão, valores e princípios éticos são ferramentas de base para a criação de uma empresa, que irão reger o modo como as decisões serão tomadas e como a organização será vista pelo ambiente externo. Dominar estes termos e criar uma política própria é a base de todo plano de negócios.
Para Porto (2008), a visão deve estar alinhada como os valores centrais da organização. Ou seja, são os princípios essenciais e duradouros da organização. A organização precisa voltar seus olhos para dentro da própria organização para definir a visão, portanto um observador externo não pode considerar como certo ou errado a visão desta organização respondida. A definição da visão deve ser algo indicador do que realmente queremos, alinhadas aos objectivos estratégicos da empresa.
Os Valores são princípios, ou crenças, que servem de direccionamento ou critério, para os comportamentos, atitudes e deliberação de todas e quaisquer pessoas, que no exercício das suas responsabilidades, e dos seus objectivos, estejam em união com a execução da Missão, na direcção da Visão, podem ser podem ser vistos como um conjunto de crenças, ou princípios, que:
Direccionem o entendimento e a participação das pessoas no desenvolvimento da Missão, Visão e dos próprios Valores; - definem e facilitam a articulação da Missão, Visão e Valores;
Promovem o comprometimento entre os colaboradores;
Facilitem o comprometimento dos empregados com o mercado competitivo, e.
Facilitem o comprometimento dos colaboradores com a comunidade e a sociedade.
Os valores são inegociáveis, são os mais perenes de uma empresa. A união de valores deve conceituar o correcto da regra do jogo, em relação a comportamentos e atitudes e levantam-se as seguintes indagações:
Como os empregados devem se comportar, quando estão sozinhos?
Como ocorre o relacionamento humano na organização?
Como os empregados se relacionam com os clientes?
Como a empresa trata seus clientes?
Como a empresa faz negócios?
Como nós nos relacionamos com a comunidade?
Qual seria a responsabilidade frente à sociedade?
Quais os valores, crenças ou princípios são importantes para a empresa?
Pode-se rematar que definir as normas básicas que dirigem os comportamentos e atitudes de todos empregados, são alternativas para que, executando a Missão, alcancemos a Visão.
1. ANÁLISE DE ALGUNS PRINCÍPIOS ÉTICOS EMPRESARIAIS
Dentro de um padrão normativo podemos elencar alguns princípios que podem ser considerados princípios éticos:
- Respeito pela dignidade humana;
- Tratamento não diferenciado das pessoas
- Toda a empresa tem o dever ético de cumprir a lei;
- Para bem cumprir a lei a empresa deve ouvir em prévio seu consultor jurídico;
Dentro deste diapasão podemos vançar com alguns princípios éticos aceitáveis tais como:
- Critério lógico e literal através do qual procurará expressar o conteúdo da norma analisada e como os seus dispositivos se aplicam à actividade da empresa
- Critério teleológico – esta leva à identificação dos fins visados pela sociedade e pelo legislador com a nova norma;
- Critério sistemático – verifica a conformidade de um texto legal com aqueles de hierarquia superior conforme detalhado.
É imperioso que cada empresa tenha dentro do seu quadro legal princípios éticos e os seus planos estratégicos tenham uma componente da responsabilidade social, pois a empresa enquanto instituição capaz de tomar decisões e que é constituido por um conjunto de relações humanas e com uma finalidade específica isso lhe confere uma dimensão ética a priori por isso é muito carricato o que verificamos no quotodiano, lemos muitas empresas a relegar os aspectos éticos em último plano.
A empresa também deve agir eticamente, os funcionários devem ser tratados com respeito. Se existem problemas o funcionário deve ser chamado separadamente, ou seja, não pode receber uma advertência verbal na frente dos colegas.
Se o funcionário tem um bom desempenho na empresa, isso é sua obrigação, mas se o mesmo trabalha muitos anos na empresa e não é reconhecido profissionalmente, isso pode ser considerado antiético, pois a empresa está obtendo lucro satisfatório e não remunera adequadamente os funcionários (Instituto Ethos, 2001).
Todos aspectos relacionados com os princípios éticos nas empresas reflectem-se materialmente nas pessoas que fazem as empresas, nas comunidades que as empresas estão instaladas através da responsabilidade social das mesmas que pode ser medida ou avaliada conforme Melo e Froes (2001) por uma escala com os seguintes indicadores:
grau de apoio ao desenvolvimento da comunidade;
grau de investimento na preservação do meio ambiente;
grau de investimento no bem-estar dos funcionários e de seus dependentes;
grau de investimento na criação de um ambiente de trabalho agradável;
grau de transparência das comunicações dentro e fora da empresa;
grau de retorno aos accionistas;
grau de sinergia com os parceiros, grau de satisfação dos clientes e/ou consumidores.
grau de apoio ao desenvolvimento da comunidade;
grau de investimento na preservação do meio ambiente;
grau de investimento no bem-estar dos funcionários e de seus dependentes;
grau de investimento na criação de um ambiente de trabalho agradável;
grau de transparência das comunicações dentro e fora da empresa;
grau de sinergia com os parceiros, grau de satisfação dos clientes e/ou consumidores.
São claros os indicadores que uma empresa pode usar para a avaliar o nível da sua responsabilidade social e pode no entanto seguir certos modelos propostos por Ashley (2002), que abarcam três níveis de desafios éticos para as empresas a saber:
1º- a empresa atende aos requisitos éticos mínimos;
2º - a empresa atende além do nível ético mínimo;
3º - a empresa tem aspirações de atender os ideais éticos.
Esta é uma demonstração clara que mesmos as empresas existentes a muito tempo que não tem essa componente ética podem inserir dentro do seu quadro normativo legal e operacionalizar no seu quotidiano.
2. PERIGO EMPRESARIAL DA FUGA DA MISSÃO E VISÃO
Uma empresa que tem bem clara a sua missão e abre espaço para partilha e respeito, tem um preço agradável, pois, isso faz com os seus colaboradores se sintam muito orgulhosos por pertencer a ela, “do que ela representa e consequentimente lutem pela sua integridade” (Instituto Ethos, 2001:17).
A falta de transparência e compromisso no processo decisório, a impaciência e a pressa de querer atingir objectivos constituem factores para a fuga à sua missão e consequente desvio da sua responsabilidade.
Estes factores fazem com que a empresa caia no esquecimento da sua primeira causa existêncial e culmina com a desmotivação total ou parcial dos seus colaboradores mergulhando-os em várias perversidades tais como:
À corrupção social esta provoca mudança arbitrária de valores de acordo com as circunstâncias e as conveniências dos envolvidos;
Os colaboradores ficam na empresa não porque querem efectivamente trabalhar mas por causa do dinheiro;
Os colaboradores passam maior parte do seu tempo a pensar nos seus problemas financeiros;
A redução da produtividade da empresa;
A ofuscação da sua imagem pois os colaboradores que constiuem espelho estão manchados .
Estes factores encontram seu fundamento em Kunsch (2003), ao afirmar que quando as pessoas acreditam na fidelidade da empresa na qual trabalham, tendem a dar o seu melhor de si na hora de realizar tarefas. E mais, motivados esses funcionários passam a desempenhar suas funções num nível mais elevado.
Se a empresa desvia-se da sua missão corre muitos riscos e acaba não fazendo nada que diz a sua natureza e sua razão de ser cai na PERVERSIDADE, esta é originada por uma relação marcada das assemetrias, desigualdades sociais, injustiças, leis e normas indignos que causam dor por exemplo (temos no nosso país um grande fosso entre ricos e pobres, trabalhadores e preguiçosos, pessoas que aproveitam oportunidades e os impotentes….)
A perversidade “implica que os envolvidos incorporem em sua relações um esquema explicativo que torne admissível ou justiificável a desigualdade, podendo chegar a considerá-la normal ou mesmo a não distingui-la” (Ibdem).
Neste âmbito urge a necessidade de revitalizar as conhecidas declarações de missão, de visão e valores tão comuns em muitas empresas, considerados instrumentos auxiliares válidos, porém de relativa influência, sob o risco de cair na corrupção social “que provoca mudança arbitrária de valores de acordo com as circunstâncias e as conveniências dos envolvidos” (Instituto Ethos, 2001:17).
No entanto, a acção mais importante e efectiva para mudar este quadro actual sobrio, absolutamente aético, é combater a perversidade empresarial em Moçambique que é sistémica e endémica, deve se processar através uma vigorosa acção política, uma reforma tributária, que vise não apenas estimular o sector produtivo, mas, sobretudo, reduzir os vergonhosos desníveis pessoais e regionais, que nos tornam uma sociedade extrema e vergonhosamente injusta.
Busquemos alguns exemplos dos relatos fornecidos pelos jornais no advento e no percurso da exploração do recursos minerais na zona centro e norte do País, a situação de precaridade que a população nativa é mergulhada (Katuane…). É preciso explorar os recursos mas deve ser exigido um plano estratégico das empresas a componente Responsabilidade Social drenando investimentos sociais, especialmente no campo da saúde e educação, capacitação profissional, etc.
Evidentemente, que esta acção deve ser articulada tendo como base a Ética da Responsabilidade empresarial pois, como afirma Mazula (2008, 30), “o resultado como algo que vem depois é que conta; ele é determinante da acção política”, o grande desafio, que deve ser inspirado na ética, mas justificado por várias outras razões, entre elas a simples sobrevivência da espécie humana.
Urge a necessidade de buscar e adequar o imperativo de Jonas inspirado no imperativo Kantiano “Age de tal maneira que o princípio de tua acção transforme-se numa lei universal”, que dizia Jonas: “Age de tal maneira que os efeitos de tua acção sejam compatíveis com a permanência de uma vida humana autêntica” ou formulado negativamente “não ponhas em perigo a continuidade indefinida da humanidade na Terra”.
Neste âmbito as empresas existentes no solo pátrio devem trabalhar no sentido de garantir o bem-estar social das populações moçambicanas e não busquem apenas os lucros, combater estes novos paradigmas que estão a nascer na sociedade empresarial moçambicana.
CONCLUSÃO
Após esta pequena e profunda reflexão sobre aspectos éticos que norteiam as empresas quer públicas ou privadas no nosso meio pode –se concluir dizendo que:
O problema de pesquisa levantado para a esta reflexão a literatura provou efectivamente que se uma empresa que desvia-se da sua missão, e que não tem presente princípios éticos, que busca somente o lucro é suicida pois mata a si mesma, matando os seus colaboradores, deixa a comunidade onde está inserida numa situação de precariedade, estimula a corrupção no seu seio.
Cada empresa tem uma missão que serve de bússola que orienta a sua direcção, uma visão, defende certos valores que a dignifica e norteiam todo o seu sentido e a sua missão.
Urge neste âmbito a definição clara da missão e visão das empresas pois só assim será possível estimular os membros a alcançar os fins e metas previamente definidos.
Quando as empresas buscam sempre a sua razão de ser isto é, a missão concorrem mais para a acção do que à teoria uma vez esta faz com que os resultados tornam-se cada vez mais produtivos.
A dimensão ética nas empresas deve ser encarada como uma componente decisiva para a qualidade que esta apresenta à sociedade nesta óptica a empresa não deve em nenhum momento ser reduzida a sua imagem a uma peça publicitária pois ela representa um activo económico sensível. Ela deve sim definir o seu fim a partir dos valores que a identificam, dentro da sua cultura própria esta que lhe permite diferenciar frente aos outros.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Andrade, A. R. (2003). Panejamento Estratégico: Formulação, Implementação e Controle.
Blumenau, Trabalho de Administração – Curso Administração, Fundação Universitária de
Blumenau (FURB).
Ashley, P. A. (Coord.). (2002). Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo:
Saraiva.
Instituto Ethos. (2001). Guia de elaboração de relatório e balanço anual de Responsabilidade.
São Paulo.
Instituto Ethos. (2001). Reflexão: A Ética nas Organizações. São Paulo.
Kunsch, M. M., K. (2003). Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. São
Paulo: Summus.
Mazula, B. (2008). Ética, Educação e Criação da Riqueza: Uma reflexão epistemológica, 1ª
Edição, Texto Editores. Maputo.
Melo N. F. P.; Froes, C. (2001). Responsabilidade social e cidadania empresarial: a
administração do terceiro sector. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark
Porto, M. A. (s.a). Missão e Visão organizacional: orientação para a sua concepção.
Social empresarial. São Paulo.
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