segunda-feira, 6 de maio de 2013

TUTORIA E SUPERVISÃO PEDAGÓGICA











TUTORIA E SUPERVISÃO PEDAGÓGICA - ISMMA



Gildo João Manuel


















MAPUTO, MAIO DE 2013





INTRODUÇÃO
A aprendizagem tutorial exige uma estrutura predeterminada e predefinida. Este tipo de aprendizagem tem suas raízes no cognitivismo. O tutor guia o tutorado com auxílio de um fio condutor que atravessa uma grande parte linear das disciplinas. O tutor conhece as necessidades e soluções, pelo facto de ter vivenciado, dificuldades semelhantes e por conhecer formas de superá-las. Ele pode ser um grande amparo para o aluno em todo o momento em que o aluno tutorado estiver sobrecarregado, intervindo e auxiliando-o.

Esta estratégia de condução da aprendizagem agrada muitos alunos, porque sentem-na pouco restritiva, pouco limitadora, simplesmente porque acabam por aprender a dominar um bloco de disciplinas de maneira muito eficiente, por ser-lhes também dada uma série de dicas sobre métodos de estudo e formas de apreensão das matérias. Representantes do construtivismo rejeitam esta estratégia e concentram-se na descoberta da aprendizagem, o que o treinador será mais qualificado.

 O ISMMA, começou em 2010 uma fase naquilo que eram o término dos cursos superiores aí ministrados, pois foi a partir desse ano que iniciou com as defesas de licenciatura em Ciência da Educação, outrora tinha a licenciatura em Ciências Religiosas que este tinha outros moldes, pois, pressuponha a defesa das trinta teses fornecidas pela pontifícia Universidade Urbaniana de Roma, a qual outorgava o grau de licenciatura em Ciências Religiosas, cursos esse não oficial em Moçambique.
Findo o período das defesas em 2010 viu-se na necessidade de se fazer a avaliação do trabalho feito e sendo a primeira experiência claro teve lacunas e avanços nessa óptica de ideia, concluiu-se que deveria se aperfeiçoar todos os intervenientes nestes processo, refira-se aos docentes que acompanham a elaboração das monografias, aos docentes arguentes no período da defesas dentre outros.
Foi nesse âmbito que o centro de pesquisa e tecnologia do ISMMA, em colaboração coma direcção pedagogia levou a primeira formação dos supervisores e tutores do ISMMA.
É importante aqui esclarecer o uso dos termos supervisor e tutor no ISMMA, o primeiro refere-se aos docentes que acompanham os estudantes estagiários nas escolas, nos centros sociais a esses designamos supervisores.
 O supervisor de ensino actua junto ao corpo docente das instituições de ensino, coordenando as práticas pedagógicas, bem como acompanhando o desenvolvimento do currículo.
O trabalho desenvolvido pelo supervisor de ensino envolve professores, directoria, alunos e pais de alunos.
Com os docentes, se reúne individualmente ou em grupo para troca de ideias/experiências sobre o trabalho a ser realizado em classe, efectivando a planificação através da contemplação do currículo escolar. Promove ainda, momento para reflexão sobre o trabalho desenvolvido em sala de aula com o objectivo de melhorar os resultados obtidos, referentes a aprendizagem do educando.
Com a direcção da escola, participa organizando, acompanhando e desenvolvendo todo o processo de Plano de Acção para o referido ano lectivo, realiza reunião de pais, viabiliza situações de Estudo do Meio e outras que são necessários recursos materiais, entre outras.
Com alunos, promove acompanhamento regular das actividades propostas, bem como das avaliações e seus resultados. Realiza encontros individuais ou em grupo para sondar ideias, opiniões, dúvidas, expectativas, angústias, etc.
Com os pais, constrói os elos de ligação entre aluno, família e escola, através de uma relação de confiança, de diálogo, de orientação, de acompanhamento individual, visando a efectiva aprendizagem do educando.
Os docentes que acompanham a elaboração das monografias para a licenciatura designámo-los de tutores, pois, o tutor é um guia, um mestre, conselheiro, alguém que tem vasta experiência profissional no campo de trabalho da pessoa que está sendo ajudada. A tutoria inclui conversas e debates a cercas de assuntos que tem a ver com o seu trabalho. Este processo possibilita o aprendizado e consequente desenvolvimento na carreira do profissional mais jovem.

Esta ficha surge como tentativa de passar por escrito aquilo que foram os assuntos ou temas partilhados com vários intervenientes no processo e constitui para nós uma experiência a partilhar, ciente de que este ainda constitui um trabalho inacabado, abrimos espaço para criticas e contribuições com vista ao melhoramento deste trabalho, para o bem do ISMMA.

OBJECTIVOS DA CAPACITAÇÃO
Espera-se com estes módulos que os participantes sejam capazes de:
Identificar métodos eficazes para a prática duma investigação;
Desenvolver as competências essenciais para a função de tutoria, incluindo modelagem, a observação de aulas, discussão, feedback, coaching[1], planeamento de acções e avaliação e autoavaliação
Aumentar a conscientização e compreensão dos desafios e oportunidades que o processo de investigação, supervisão e tutória pode fornecer
Desenvolver os conhecimentos e competências de análise reflexiva e co-investigação através do processo de tutoria;

Resultados esperados:
Os participantes deverão ser capazes de:
Identificar e avaliar os elementos essenciais e complementares duma investigação;
Usar o processo de investigação para desenvolver suas habilidades profissionais e qualidades, como comunicação, aconselhamento, colaboração
Construir e aplicar um plano de acção destinado a melhorar a sua prática tutoria;
Apoiar os futuros professores a identificar as suas necessidades de aprendizagem profissional;
Aplicar as competências básicas de orientação eficaz para a situação de sala de aula, incluindo: actuando como um advogado para garantir os futuros professores têm acesso a oportunidades de formação profissional, concordando um foco para a observação de episódios de ensino, avaliação, fornecendo feedback construtivo e fixação de metas;

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Metas pessoais:
1.                  O que gostaria de alcançar com esta capacitação?
2.                  Durante este capacitação gostaria de adquirir mais conhecimento sobre o quê?
3.                  Gostaria de obter respostas para as seguintes questões:
3.1. As habilidades de ser tutor?
3.2. As habilidades de ser supervisor?
3.3. As habilidades de ser um investigador cauteloso?

SUPERVISÃO PEDAGÓGICA
Supervisor é aquele que supervisiona (orienta, dirige, inspecciona); indivíduo com experiência de realização ou adoptado de especialização técnica.
A Supervisão implica “olhar de uma forma abrangente, contextualizadora, interpretativa e prospectiva” (Alarcão, 1995:5), isto é, lançar o olhar sobre o fenómeno na vertente do passado, e do futuro, projectando-o no presente. A supervisão não é uma visão super mas sim sobre, uma visão entre outras possíveis.

A supervisão é um meio de providenciar apoio, desafiar a extensão da aprendizagem de uma pessoa através de orientação de outra que é mais competente, conhecedor e experiente, particularmente em relação ao contexto onde a aprendizagem está tendo lugar.

Requisitos necessários para uma supervisão
A supervisão requer que o indivíduo tenha mente aberta para enfrentar as crenças e valores e aceitar que a sua visão de leccionação é apenas a única;
- Ser acessível, apoiar e ter uma atitude positiva e encorajadora;
- Capacidade de fazer uma crítica construtiva, entusiasmo pelo ensino, fonte de inspiração.
Cada contacto que se estabelece com o estagiário ocorre uma aprendizagem ou seja este coloca-se numa posição de pesquisador contínua para prática de ensino e aprendizagem, por outro lado cada etapa é uma oportunidade para auto crítica que leva ao supervisor e o estagiário a renovar a sua atitude.
Etapas de uma supervisão
O processo de supervisão envolve a interacção entre supervisor e estagiário que pode ocorrer em dois momentos ou mais a destacar:
- A pré-observação (antes de estar dentro da sala de aula) que consiste no acompanhamento dos planos (nos planos de aula ao definir os objectivos da aula temos que ter em conta 3 níveis de orientação: Afectivo, psico-motor, e cognitivo), elaboração das fichas para os aluno e todo material necessário para a leccionação;
- A observação (dentro da sala de aula) este consiste em assistir a maneira como o estagiário transmite a matéria aos alunos.
- A avaliação ocorre após a leccionação onde o supervisor senta com o estagiário para avaliar a sua actuação num ambiente familiar e profissional, isto é, uma interacção construtiva. O estagiário deve ter mais tempo para se expressar do que o professor. Ex. Como é que avalia a sua aula? Que aspectos acha que deve trabalhar mais?

 Linhas de acção do supervisor

- Analisar, intermediar, desafiar, orientar, confrontar, direccionar, interagir, avaliar, guiar, escutar, moldar, observar, questionar, reflectir, relacionar, compartilhar, apoiar todas etapas e tarefas do estagiário para que processo do ensino e aprendizagem ocorra duma forma eficaz;
- Apoiar o estudante a aprender a partir da experiencia dos outros, explicar a eles sobre a planificação;
- Apoiar os estudantes a aprender através da sua experiência de leccionação, Assistir a sua planificação.
Os princípios da supervisão
O modelo de supervisão basea-se nos seguintes princípios:
O professor orienta o aluno e leva o aprender – é um processo activo para a construção de conhecimentos e desenvolver habilidades, atitudes e competências;
Ele deve criar condições para que os estudantes aprendam na prática da prática, isto, da experiência da sala de aula, integrando o conhecimentos adquirido no ISMMA, o resultado deste processo tem em vista competentes ou seja: sabem ensinarem bem: saber ser (têm atitudes correctas); saber fazer (têm habilidades)
O estágio é o espaço central onde o estudante transforma tudo que aprendeu como teoria em acções concretas;
Os estagiários são activos e discutem com o supervisor sobre o que fizeram e porque fizeram.
A supervisão reflexiva é um princípio fundamental para o supervisor e ensino cooperativo, é o princípio fundamental a ser aplicado pelo estudante – professor.







Modelo integrado de supervisão
 

REFLEXÃO
Ajudar o estudante a reflectir sobre a sua prática
ISMMA
Aulas activas ligadas à prática
CAMPO DE ESTÁGIO
Ser modelo






Missão do supervisor
*      Explicar do uso do Material Didáctico aos estagiários; Incentivá-los a serem exemplo e responsáveis, a programarem as suas actividades respeitando o Calendário da Escola;
*      Estimular o estagiário a avisar sempre as ausências no Campo, através dos Responsáveis dos grupos, dos Supervisores ou ligar directamente ao ISMMA;
*      Despertar neles a importância de tornarem as aulas dinâmicas e interactivas, servindo-se dos conteúdos e ferramentas aprendidas em Didáctica e Dinâmicas de Grupo;
*      Devem entregar as dosificações aos supervisores, para estes fazerem chegar à Direcção Pedagógica da Escola, dentro dos prazos previstos pela Escola;
*      Entregarem os Planos de cada aula ao Supervisor, no mínimo, dois dias antes da aula;
*      Elaborar um Relatório das actividades, identificando lacunas, dificuldades e problemas, propor sugestões para futuros esforços;
*      Avaliar o desempenho nas planificações, e não somente na Sala de aulas mas em outros sectores de actividade como na secretaria, no sector pedagógico, administrativo, biblioteca, ensinar também a usar os DECs e mapas de avaliação;
*      Controlar as ausências nas planificações e no estágio, através dos respectivos Mapas;
*      Contactar sempre com os pedagógicos para avaliar o desempenho e o comportamento dos estudantes no local de estágio.
Um bom supervisor dirige-se para os professores mas relança para os alunos, focalizando a sala de aula, preocupa-se com o desenvolvimento individual dos professores…



Perguntas para reflexão grupal ou individual
1- O que supervisionar?
2- Como supervisionar?
3- O que está a supervisionar?
4- Como está a supervisionar?
5- Qual é sua percepção sobre um professor ideal ou bom e que habilidades deve ensinar aos alunos?
Independentemente das estratégias utilizadas os professores devem seguir as seguintes etapas:
- Rever e verificar o trabalho dos dias anteriores;
- Apresentar novo material;
- Proporcionar práticas guiadas;
- Apresentar o feedback e correcções baseadas em respostas aos estudantes;
- Definir actividades para serem feitas independentemente;
- Fazer avaliações (sistemáticas, continuas) com vista a consolidação da aprendizagem.

Toda actividade pressupõe certas habilidades para a pessoa que executa e a supervisão não foge da regra e como advoga Silva (1981), o supervisor deve ter as seguintes habilidades de comunicação:
Saber ESCUTAR;
Saber CONCRETIZAR;
Elaborar PERGUNTAS ABERTAS;
Saber ACEITAR;
Fazer SELÊNCIO
Saber RELACIONAR-SE
TUTORIA
Tutoria é o exercício de tutela; cargo ou autoridade de tutor; protecção; amparo; defesa.
Tutoria é sempre responsabilidade do professor, bons tutores requerem um bom treino;
A tutória providencia uma oportunidade para aprender e melhorar a própria prática de ensino ou investigação.
No sistema de tutoria, tutores devem estar capacitados a captarem as expectativas, necessidades, interesses, formas de aprender e falhas de aproveitamento do estudante.
Desta maneira, o professor tutor pode sugerir alterações na forma como o estudante desenvolve os estudos, criando situações diferenciadas de aprendizagem de acordo com as necessidades individuais e da linha da pesquisa em causa.
Tutor indivíduo encarregado legalmente de tutelar alguém; protector; defensor;
Os tutores devem mostrar a disposição de avaliar as suas práticas pedagógicas articular e compartilhar com os estudantes.
A tutoria também chamada de mentoring é um método muito utilizado para efectivar uma interacção pedagógica. Os tutores acompanham e comunicam-se com seus alunos de forma sistemática, planejando, dentre outras coisas, o seu desenvolvimento e avaliando a eficiência de suas orientações de modo a resolver problemas que possam ocorrer durante o processo.

O tutor, como figura modelar – reflexo do modelo da instituição – deverá ser descrito e entendido através da análise de um conjunto de competências relacionais e técnicas que circunscreve na organização, sistematizando-as e dando-lhes forma, de modo a potenciar a sua realização em todos os programas e por todos os seus membros
Perguntas para reflexão grupal ou individual
1- Tutor o que está a orientar
2- Como está a orientar?
O que é ser tutor?
Será que as actividades que desempenho tem a ver com a actividade de tutória?

Características eficazes de tutoria
Para exercer o cargo de tutor exige que o indivíduo apresente no mínimo as seguintes características:
Preparado para a actualização permanente dos seus conhecimentos à luz da investigação,
Alto sentido de responsabilidade e comprometimento;
Ser acessível, apoiar, e ter uma atitude positiva e encorajadora;
Mente aberta e aceitar que a sua visão de leccionação não e apenas a única
Capacidade de articular os seus conhecimentos profissionais;
Capacidade de fazer uma crítica construtiva;
Entusiasmo pelo trabalho que lhe foi confiado; ser fonte de inspiração

Princípios de tutoria
·                     Definir metas e desafios pessoais
              Compreender porque diferentes abordagens funcionam, as teorias que sustentam a nova prática
              Experimentar e observar, inovar, assumir riscos e buscando novos conhecimentos;
              Usar recursos efectivamente: tempo & outros recursos para proteger e sustentar diariamente a aprendizagem, acção e reflexão.
              Relacionamento reflexivo: confiança, respeito, sensibilidade aos aspectos emocionais de profunda aprendizagem profissional;
FUNÇÕES DO TUTOR
Como se fez referência a tutoria é uma missão muito delicada que pressupõe a entrega e abertura  do tutor e esta abertura carrega consigo uma grande responsabilidade e profissionalismo, assim conforme Alarcão (1995), cabe a ele as seguintes funções:
- Motivar e despertar o interesse dos alunos no desenvolvimento das práticas propostas
- Orientar o aluno nas dificuldades que eles encontrem mantendo contacto estreito com os professores especialistas;
- Ampliar o conjunto de informações sobre novos materiais, artigos, textos e endereços da internet. Desta forma, os alunos podem completar o material que necessitam para concluir com sucesso as tarefas propostas;
- Avaliar de forma contínua o progresso dos estudantes sob sua responsabilidade;
- Actuar junto a outros tutores e junto aos professores especialistas ampliando a visão da avaliação individual dos estudantes e identificando as falhas presentes nos materiais e nos trabalhos propostos.
- Deve ser um elemento crítico e mediador e incentivar os alunos a trabalharem por si próprios nas actividades previstas


RESPONSABILIDADE DO TUTOR
·                     Discutir com o estudante os objectivos do trabalho;
·                     Apoiar o estudante na preparação do plano do trabalho;
·                     Apoiar o estudante na pesquisa bibliográfica;
·                     Verificar o cumprimento do plano de trabalho;
·                     Ter encontros periódicos com o estudante;
·                     Apoiá-lo na elaboração do relatório e preparação da defesa entre outras.

RESPONSABILIDADE DO ESTUDANTE
·                     Produzir o material escrito;
·                     Ter encontros regulares;
·                     Ser honesto e apresentar sempre as suas preocupações e sucessos;
·                     Seguir os conselhos do tutor;
·                     Discutir sempre com o tutor os resultados da investigação;
·                     Ser ele mesmo o protagonista da pesquisa.

















             
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alarcão, I. (1995). Supervisão de professores e Inovação Educacional, Editora: Centro de Investigação, Difusão e Intervenção Educacional.
Duarte Sleta e tal. (2008). Manual de supervisão de práticas pedagógicas, Maputo.
Feio, R. (2003).  Gestão de Projectos com Microsoft Project 2002. Editora de Informática FCA,
Muller, N. Milici (2006). Acredito em – Técnicas para desenvolver a auto-estima dos alunos. Editora Vozes Petrópolis.
Richardson, R. Jarry. (2009). Pesquisa Social – Métodos e Técnicas, Editora Atlas, 3ª edição revista e ampliada, São Paulo, Brasil.
Silva, Noura S.F. C. de (1981). Supervisão Educacional – Uma reflexão crítica, 6ª Edição, Editora Vozes



[1] Coaching é uma gíria que surgiu nas universidades norte-americanas para definir um "tutor particular". O coaching preparava os alunos para exames de determinada matéria. Com o tempo passou a ser usada também para se referir a um instrutor ou treinador de cantores, atletas ou atores. A palavra coaching vem da palavra inglesa "coach" e significa treinador. Esse treinador tem o objectivo de encorajar e motivar o seu cliente a atingir um objectivo, ensinando novas técnicas que facilitem seu aprendizado.

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